Cura. É assim, de forma descomplicada, que podemos definir a reestruturação financeira de qualquer organização.
Embora ela já venha experimentado os sintomas de uma grave doença ao longo de meses ou até anos, existe sim a possibilidade de resgatarmos a sua saúde financeira.
Se, hoje, as vendas estão ruins, os pagamentos de fornecedores e colaboradores atrasados, as parcelas dos empréstimos bancários, com juros sobre juros, também estão ficando para trás, existe uma luz no fim do túnel.
Com o método objetivo, acessível de ser implementado e com resultados rápidos que eu, Luiz Henrique Barbosa, Co-Founder & CEO na C2W Consulting, desenvolvi ao longo dos meus 24 anos de carreira como consultor, já é possível, ainda nos primeiros momentos de intervenção, proporcionar alívio às empresas.
Se você quer conhecer e usá-lo para modelar as suas consultorias financeiras, continue lendo este artigo até o final.
Antes do caos, existiram os problemas
Se, hoje, uma empresa precisa de reestruturação financeira, ela, ao longo de um período, não tomou as melhores decisões operacionais nem estratégicas.
De acordo com o Serasa Experian, não acompanhar as finanças é uma das principais causas de falência dos negócios no Brasil. E também por isso, 50% das empresas abertas no país encerram as suas atividades após só quatro anos no mercado.
Ou seja, diversos equívocos passam a ser acumulados, especialmente em função de duas causas: estruturais e comportamentais.
Estruturais
Se o negócio iniciou um processo de escalada no mercado sem um minucioso planejamento financeiro, as chances deste objetivo dar errado são grandes.
Mas por que isso normalmente acontece?
Porque para que o crescimento aconteça, é preciso criar uma nova estrutura ou ampliar a que já existe, com mais colaboradores, computadores, máquinas, matérias-primas e, às vezes, até uma nova sede. E tudo isso requer investimento.
Então, se a empresa não fez um estudo detalhado no qual todos os custos e todas as despesas são devidamente dimensionados e calculados, as chances de não haver dinheiro em caixa para cobrir isso são grandes.
Isso ocorre em função da disparidade que existe entre o pagamentos dessa nova estrutura e a velocidade da entrada de receitas.
Na maioria das vezes, nesta nova fase inicial da tração do negócio, os gastos são maiores e precisam ser pagos com maior agilidade do que acontece a entrada de dinheiro.
Independente do seu faturamento no mês seguinte, você precisará pagar os novos colaboradores contratados e as matérias-primas que comprou para fabricar mais produtos, por exemplo.
Outro principal gargalo que culmina em problemas financeiros é a precificação.
Vários erros são cometidos ao calcular o preço de vendas de produtos e serviços, como você pode ler neste artigo. Um dos mais graves é conceder descontos sem mensurar com assertividade o impacto deles na margem de contribuição, o que acaba provocando grandes prejuízos.
Dar apenas 10% de desconto para fechar uma negociação já pode até ser tradição para muitos vendedores, porém, isso pode impactar em 40% o lucro do negócio e comprometer seriamente o fluxo de caixa.
Comportamentais
Além de decisões erradas em estratégias e operações, o comportamento de donos ou gestores também podem fazer o saldo ficar no vermelho.
Pessoas que estão à frente de empresas que adoram ostentar são um bom exemplo disso, afinal, eles gostam de comprar sempre o melhor e o mais caro.
A falta de visão de quem lidera também pode causar rombos financeiros, principalmente aqueles que adoram economizar. Muitas vezes, esse líder investe em um sistema de ponta para controlar os gastos com cafezinho, sendo que a economia que será feita não justifica o investimento.
Enxergar a empresa por um ângulo míope, ou seja, ter uma visão de silo, tanto por parte do gestor quanto do colaborador, pode comprometer os resultados e isso, sem dúvidas, reflete nas finanças.
Se existem brigas e rivalidades entre áreas e pessoas, os resultados do negócio são prejudicados, por exemplo.
Mas como recuperar a saúde financeira de um negócio?
Se, diante de tudo isso, nada for feito rapidamente, a falência pode acontecer a qualquer momento e, por isso, quando estamos trabalhando com reestruturação financeira, precisamos agir de forma rápida e cirúrgica.
E para agir assim, devemos realizar uma intervenção na empresa organizada em quatro etapas com foco na preservação do caixa, que são:
Montar um time de reestruturação;
Definir os níveis de autonomia para aprovação dos gastos;
Entender com profundidade a situação econômica e financeira atual;
Planejar e definir metas de reestruturação da empresa e acompanhá-las diariamente.
A partir de agora, vamos conhecê-las em detalhes.
Montar um time de reestruturação
O tamanho desta equipe varia conforme o porte da empresa. Em pequenos negócios, ela tem apenas uma ou duas pessoas. Já em empresas maiores, o time pode ser integrado por vários colaboradores das áreas financeira, comercial e operações.
Além de escolher as pessoas certas, que têm habilidades para colocar a mão na massa e fazer acontecer, para participar desta empreitada, o dono ou CEO precisa estar à frente deste time.
Sem ele estar à frente desse grupo, provavelmente, as ações não serão realizadas como devem ser ou, se forem, elas não acontecerão na velocidade que precisam ser feitas.
Definir o nível de autonomia para aprovação dos gastos
Se estamos com problemas no caixa, nada mais lógico do que frear os gastos da empresa.
Mas pagamentos serão feitos, então, eles precisam acontecer de forma estratégica e controlada, para que não haja rombos ainda maiores do que já existem no caixa.
Por isso, é importante definir quem será a pessoa responsável por autorizar os gastos da empresa.
Em negócios menores, o próprio dono pode fazer isso. Agora, em empresas de médio porte, eles podem ser autorizados por gestores e diretores de áreas, por exemplo.
Entender com profundidade a situação econômica e financeira atual
Entender todos os detalhes sobre a situação do negócio, que está refletida em todos os documentos financeiros, é crucial para fazer o planejamento para a reestruturação financeira.
Esses estudos, que devem ser feitos por uma equipe capacitada de profissionais, funcionará como painel de bordo da empresa, guiando as metas que serão traçadas já na próxima etapa.
Planejar e definir metas de reestruturação da empresa e acompanhá-las diariamente
Quando entendemos com clareza a real situação do negócio, conseguimos traçar as ações que precisam ser feitas para que as finanças finalmente fiquem no azul.
Então, nesta fase final, produzimos um plano de ação com metas claras e objetivas a serem cumpridas, como:
- Renegociação de dívidas financeiras junto aos bancos;
- Pagamento de fornecedores através de condições que se adequem à realidade da empresa;
- Aumento do esforço de vendas pela equipe comercial através de promoções que devem ser combinadas com o gerenciamento assertivo do estoque.
Outro ponto crucial para definir metas com assertividade é simular cenários.
Se você quiser fazer isso, posso disponibilizar o simulador que eu uso nas minhas consultorias. É só me mandar uma mensagem que envio para você.
Agora, é mão na massa
Feito tudo isso, é hora de implementar as ações e, o mais importante, acompanhar a realização de todas as tarefas no dia a dia.
As ações precisam caminhar de forma assertiva e a passos largos, afinal, precisamos recuperar a saúde financeira de um negócio. Por isso, a lógica não é muito diferente da rotina de um médico com pacientes em estado grave.
Mais rápido do que imagina, você e a empresa que está passando pela reestruturação financeira já começarão a ver os resultados.
E, então? Animado(a) a colocar em prática esse método? Inclusive, se você quiser saber ainda mais detalhes sobre esse tema, pode assistir a uma das aulas que dei no meu canal do Youtube, que está disponível aqui.
Luiz Henrique Barbosa
Co-Founder & CEO na C2W Consulting
Sou extremamente focado em criar valor para os negócios através da transformação de organizações em empresas lucrativas e prósperas. Ao longo de 23 anos de consultoria, atuei em mais de 500 empresas, como: Vale, Arcelormittal, Líder Aviação, Lojas Americanas, Shoptime, Boticário, Unimed, Chilli Beans entre outras, como consultor em estruturação e reestruturação financeira e operacional de empresas e desenvolvimento de lideranças de alta performance.
Hoje, faço parte de Conselhos de Administração, sou professor de Gestão Econômica e Financeira na Pós-Graduação da PUC Minas e leitor assíduo, atividades que considero extremamente importantes para ser fiel ao conceito lifelong learning.